novembro 13, 2009

Last Tango in Paris...












Uma mão apodera-se das cordas do audaz violino, arrancando deste um conjunto simples de sons, finitos. E o silêncio sucede por uns segundos.
O batimento dançante surge, e a nossa mente deixa-se levar no seu interior por uma dança elementar, e o pianista convidado se prepara para as teclas dos sentidos...
Geram-se os pares de bailarinos ao luar de um tecto escuro e dá-se azo à liberdade, os corpos adoptam então a dança sensual do tango, triste.
Os dedos se cruzam, e os corpos se entrelaçam pela melodia de uma paixão não vivida de momento, apenas estimulada, os pés em dois pares precipitam-se no jogo do movimento mútuo... As ancas femininas tomam o cavalheiro por refém, e estes desistem da tomada de posse e deixam-se guiados por sentimentos de paixão provocada pelo trio musical...

Neste cenário um par de dançantes se distingue, sente-se a verdadeira essência do tango nos seus comportamentos do corpo. Sobre movimentos embebidos e velozes os olhares se cruzam, denunciando a paixão momentânea incendiada levada ao extremo.

A música profetiza o seu fim, com a batida mais acelerada acabando numa nota só.

Os corpos se separam e volta-se a uma realidade prematura...
Aquele par distinto de bailarinos demora-se na sua separação não desejada, mas a dança terminou, e acabava com ela o sentido daquela gesticulação estimulante de sentidos efervescentes.

- Quem teve o prazer de me acompanhar? - Pergunta ela com voz de inocente acabada de acordar.
- Um mero curioso, e este é o meu ultimo tango em paris...
- Prazer, mas ultimo porquê?

Não se proferiu mais uma palavra... Apenas os gestos suaves de um afastamento não desejado e um sorriso de intensa contemplação ou mesmo de felicidade... Seus olhos verdes brilharam na hora da despedida...