maio 06, 2010

Filhos de um suposto... mesmo pai...













Aquela tatuagem que desenhei numa folha, transcrevi-a para a minha pele, o que se revelou uma tentativa falhada de parar o tempo. A derme amarfanhou, e aquilo que outrora era uma simples imagem de linhas curvas tornou-se algo indefinido. Comecei a sentir fome e sede, e os ossos a rasgarem a pouca carne do meu corpo. Os músculos desfazem-se em pó ao luar de uma lua imperfeita e sinto a última passa do cigarro presa no meu gelado nariz, instalando-se. A garganta parece ferida, e a cabeça parece explodir momentaneamente, não passando apenas dessa sensação. Como a visão das estrelas corta-me os olhos, cegando-me…

Desfalecia assim no chão duro e frio de um pequeno parque infantil, instalado para as crianças que habitavam umas tantas casas todas bonitinhas das redondezas. Aqui, á luz semi apagada de um velho candeeiro de rua, e ao luar enevoado pelo fumo do maldito cigarro. A banda sonora era apenas o vento, que por sua vez, fazia chiar as correntes de um baloiço vazio…

De tempos a tempos quebra-se o silêncio com os ruídos mecânicos acompanhados de melodias barulhentas e já de si enfadonhas, e dos olhares muito pouco discretos. Olham-me certamente como um vagabundo, sem lugar onde cair de morto… Mas não seremos todos nós meros vagabundos da vida? Uns meros drogados do oxigénio contaminado? Uns larápios natos dos sentimentos? Eficientes destruidores de tudo que é físico e até mesmo de nós próprios? ...

Quem quer que julgue que se julgue antecipadamente, e que as alegações finais não sejam desprovidas de pensamento interior, pois isso gera hidrofobia e desfavor, e eu gosto de sentir o chão no qual repouso…