
... Olhei nessa mesma direcção, imposta, sem saber o que procurar de verdade, e nessa direcção marchei, aguardando algo encontrar...
... A noite está a cair... A Lua, desta vez vem chegando de pára-quedas, feito com recortes da escuridão do cosmos remoto... O asfalto que se desdobra diante da visão, é uma simples linha recta que se perde de vista...
... Sigo caminhando.
um pouco à frente, vejo o que parece um cadáver no chão... lentamente me aproximo, e confirmo...
Um pobre veado com sinais visíveis de ter sido mais uma vitíma de atropelamento, perdera a vida não há muito tempo... seu hálito ainda emana o cheiro fresco de pasto meio moído por entre os dentes, o sangue que ornamenta o piso tem ainda aquela tonalidade viva...
Uma sensação me avassala, e sem tocar me afasto...
... Coloco um pouco de música, absorvendo-a em minha mente...
... Afasto-me daquela encenação da vida, e continuo, estrada fora, percorrendo em busca de alguma resposta encontrar...
... Um pouco mais à frente, avisto luzes na escuridão, o luar hoje, encontra-se demasiado fraco para me ajudar nesta mesma viagem...
Cansado, sento-me na berma desta longa estrada, e consumo um cigarro, enquanto reparo na vegetação que por aqui nasce, de diversas cores e tons, mas que no escuro mal se diferenciam, fazendo uma grande barreira para o lado de lá...
... Enquanto sentado, tento pensar naquilo que realmente aqui se passa, tentando numa realidade camuflada por um asfalto já exausto de ser macerado, e sobre quem as vezes a morte se derrama, por uma lua que nem sempre transmite a luz por ela recebida, por uma flora que nasce, preenchendo todos os pequenos orifícios de terra que consegue, descobrir algo... Estará a verdade desta jornada, exposta nesta viagem?
... ou simplesmente eu, estou apenas de passagem?