junho 19, 2009

A Janela... Gasta


Por uma janela alta, que se encontra um pouco aberta, espio, prezando o mundo lá fora desejando lá me encontrar... mas enclaustrado no interior destas elevadas paredes me encontro, estiolando, intentando planos ilusórios, ensaiando uma realidade crua contornar...

... As horas não se desgastam por vezes no seu interior, pelo contrario, insistem em firmes se conservarem, como se de uma morte certa tentassem afastar...

lá fora os carros passam, e as pessoas circulam, gastando o calçado de ontem, percorrendo os caminhos de "quase sempre"... e eu aqui dentro, de chinelo de dedo nos pés, tento afigurar um mar que neles poderia bater docemente...

sinto-me com fome... de coisas que nem sei bem se deveria ter, e com uma sede correspondente dessa mesma fome... os sinais? são um deles a cegueira que por vezes se encontra em meus olhos, através de um conjunto de fotografias tiradas em espaços de tempo, que facilmente se ligam entre si, desenhadas numa paisagem circundante, que por vezes é excessivamente incomodativa...

As obrigações de mais um dia de afazeres me chamam, e de uma forma indelicada me viro em direcção oposta, deslumbrando agora uma paisagem de ferro e cimento que, rapidamente me enfurece, mas que a terei como fundo durante as horas que se avizinham... mas como disse obrigações... impostas por uma vida, escolhida por mim mas, que nem sempre me provoca sorrisos... hoje é um desses dias...

A palavra mudança, impera agora no pensamento, de forma a que deixar tudo para trás seja uma simples e apetecida solução...

mas resta-me mirar a argamassa que piso e tocar o ferro velho e escaldante que tenho na visão...

junho 02, 2009

Mondim de Basto...


... No cimo, da serra mais alta das redondezas me encontro, e sentado para o lado de lá das barreiras da estrada, avisto toda uma paisagem esplendorosa a meus olhos...
Vejo no sopé da encosta, a singela vila se encontra, com seus telhados de tons laranja, e diferencio, ao longe as paredes de pedra, tão características da província...
... O resto da visão, encontra-se preenchido por um verde que brota em abundância por entre as montanhas, cortadas apenas por um rio de águas genuínas que nunca disputava com a terra, a sua própria terra...

A subida da serra é agora rasgada por uma estrada em perfeito estado, permitindo aos viajantes, obter total segurança... Mas em tempos era um caminho íngreme e justo...
Subir até ao topo, era uma temível aventura, onde persistia sempre o medo de pela encosta abaixo poder cais...
Agora contam-se duas ou até mesmo três faixas de rodagem, que juntamente com uma adequada protecção lateral, fizeram com que esse medo se desvanecesse... matando por outro lado um dos fascínios do local...

... Mas, no rio me foco com especial atenção, pois esta visão irá também ela desaparecer...
Usufruo o momento quase que como uma despedida antecipada...
A construção de uma barragem no local, está iminente, deixando com que esta imagem de agora, faça apenas parte de uma memória local...

... E desta imagem que com o tempo se irá perder, sentirei saudades um dia, assim como saudades tenho agora, da estrada íngreme que percorri na serra...

Ficarão, as ditas visões, que o tempo não fará desprezar...
E que jamais esquecer pretendo...

Momento

... Vivo um momento, ainda indefinido...
... instantes, divergentes nos sentidos, mas momentos impetuosos, de gáudio...

... Os versos eruditos, já quase foram todos registados em parte alguma, já quase na universalidade, proferidos... excepto, aqueles que um dia serão reflectidos, dictilografados...
... As notas da guitarra, já se tocaram por vezes, e ao timbre das mesmas o sorriso de aclarou do escuro...
... As melodias por vezes, se matamorfosearam, convertendo-se em representações, afeiçoadas por mim. Melodias, essas que as escuto constantemente, por entre ruídos de mais um dia... Assim como o bailado estável que te vejo fazer ao som das mesmas...

... Os versos, as notas e as melodias, revelaram-se cúmplices de um próprio bem estar...
(inacabado)