maio 17, 2009

A Jornada sem Prazo...


... Olhei nessa mesma direcção, imposta, sem saber o que procurar de verdade, e nessa direcção marchei, aguardando algo encontrar...

... A noite está a cair... A Lua, desta vez vem chegando de pára-quedas, feito com recortes da escuridão do cosmos remoto... O asfalto que se desdobra diante da visão, é uma simples linha recta que se perde de vista...

... Sigo caminhando.

um pouco à frente, vejo o que parece um cadáver no chão... lentamente me aproximo, e confirmo...
Um pobre veado com sinais visíveis de ter sido mais uma vitíma de atropelamento, perdera a vida não há muito tempo... seu hálito ainda emana o cheiro fresco de pasto meio moído por entre os dentes, o sangue que ornamenta o piso tem ainda aquela tonalidade viva...
Uma sensação me avassala, e sem tocar me afasto...

... Coloco um pouco de música, absorvendo-a em minha mente...

... Afasto-me daquela encenação da vida, e continuo, estrada fora, percorrendo em busca de alguma resposta encontrar...
... Um pouco mais à frente, avisto luzes na escuridão, o luar hoje, encontra-se demasiado fraco para me ajudar nesta mesma viagem...

Cansado, sento-me na berma desta longa estrada, e consumo um cigarro, enquanto reparo na vegetação que por aqui nasce, de diversas cores e tons, mas que no escuro mal se diferenciam, fazendo uma grande barreira para o lado de lá...

... Enquanto sentado, tento pensar naquilo que realmente aqui se passa, tentando numa realidade camuflada por um asfalto já exausto de ser macerado, e sobre quem as vezes a morte se derrama, por uma lua que nem sempre transmite a luz por ela recebida, por uma flora que nasce, preenchendo todos os pequenos orifícios de terra que consegue, descobrir algo... Estará a verdade desta jornada, exposta nesta viagem?

... ou simplesmente eu, estou apenas de passagem?

2 comentários:

:)) disse...

Parece um daqueles dias sem fim e ao mesmo tempo tao curto, onde o mundo para todo a nossa volta, mas a nossa mente ela, vai ainda mais depressa que habito.
Procuramos respostas, e dai so temos ainda mais perguntas....

Anônimo disse...

Os textos primam pela beleza, pela originalidade, pela sensibilidade, pela maturidade e pela profundidade presentes a cada parágrafo.
São composições sublimes de um ser com distinta capacidade para metamorfosear singularidades da vida em poemas camuflados sob a forma de prosa.
Realizas cinema escrito, geras ambiências e estados de espírito, crias, e dás a oportunidade, a quem te lê, de recriar a película sob a sua própria retina.
Que os teus sentidos te continuem a permitir captar o mundo da forma surpreendente como o fazes, que a inspiração não desvaneça, que limes as pequenas arestas, e que desta ideia embrionária do "blogue" se gerem outros partos criativos.
Parabéns!